Santa Catarina exportou US$ 826,7 milhões em outubro, montante 11,2% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior. Na análise mensal, o estado registrou seu quarto recuo consecutivo 5,7%, na série livre dos efeitos sazonais.
Apesar do montante exportado seguir em patamares historicamente elevados, as vendas externas têm sido prejudicadas pela desaceleração da economia global, que reduz a demanda por produtos catarinenses. Considerando os dez principais produtos da pauta exportadora catarinense, oito apresentaram recuo na análise interanual.
No topo da lista, encontram-se as carnes de aves, que tiveram retração de 16,8% na mesma base de comparação. Entre os determinantes desse resultado está a queda na demanda do Japão, um dos principais compradores do produto, onde a desvalorização cambial e a inflação ainda persistente têm retraído o consumo das famílias.
As exportações de carnes suínas também foram prejudicadas pela menor demanda de seu principal importador, a China. Em 2023, os pecuaristas chineses ampliaram a oferta de suínos, esperando uma aceleração do consumo doméstico que não se concretizou. Com a alta na oferta interna, o país reduziu as compras do produto, o que resultou em queda de 65,4% das exportações catarinenses para o país na análise interanual.
Em compensação a esse efeito, Santa Catarina ampliou as exportações de carne suína para as Filipinas. Neste ano, o país do sudeste asiático se consolidou como segundo maior comprador do produto catarinense, ao ponto de praticamente igualar o montante exportado para a China nos últimos três meses.
Outro fator de restrição ao comércio externo catarinense é a crise econômica da Argentina. Com dificuldades na balança de pagamentos, o país vizinho reduziu em 33,4% suas importações de Santa Catarina, em comparação com outubro de 2022. As maiores quedas se deram em produtos do setor de metalurgia e metalmecânica, a exemplo de revestimentos de ferros laminados planos, fios de cobre, aços laminados planos e ferros laminados a frio.
Além disso, os elevados níveis das taxas de juros nas economias avançadas, em especial nos Estados Unidos, seguem restringindo as exportações de insumos para a construção civil. Em outubro, os principais impactos foram sentidos nas vendas externas de obras de carpintaria para construções, revestimentos cerâmicos, móveis para dormitórios e produtos em madeira. Nos resultados positivos, os principais destaques no mês ficaram por conta das exportações de grãos e seus derivados, devido às safras recordes de soja e milho registradas em 2023.
Na análise interanual, houve aumento dos embarques de soja para a China, farelo de soja para o Irã e de milho para a Coreia do Sul e para países do Oriente Médio.
A diminuição do comércio portuário foi parcialmente compensada por fluxos em outras vias de transporte. Destaque para o aumento das exportações para a Bolívia e o Paraguai, onde prevalece o modal rodoviário, e para o Chile, que ampliou as compras de navios de pesca, transportados por meios próprios.
Mesmo com a perda recente de participação, Estados Unidos e China permanecem como os principais destinos das exportações catarinenses, com 14,3% e 12,1% do total comercializado em outubro, respectivamente.
Importações
Quanto às importações, o montante comercializado foi de US$ 2,2 bilhões em outubro. Em comparação com o mesmo período de 2022, houve um recuo de 15,2%, também impulsionado pela redução dos fluxos de comércio.
Além da redução dos fluxos de comércio internacional, esse resultado também reflete os impactos do processo de desinflação global sobre os preços de importação. Nos últimos meses, as principais economias mundiais tem reduzido sua demanda por insumos industriais. A China, em linha com o cenário global restritivo, passa por um processo de queda na demanda externa por seus produtos, além do próprio consumo interno, o que resulta em aumento da capacidade ociosa e deflação em diversos setores.
Em decorrência disso, oito dos dez principais produtos da pauta importadora catarinense tiveram queda de preço médio na análise interanual. Destaque para produtos eletrônicos, como semicondutores, circuitos integrados e aparelhos de eletrodiagnóstico, cujos preços internacionais atingiram sua máxima histórica ao final de 2022, tendo apresentado recuo desde então.
Entre os produtos que apresentaram queda nas quantidades importadas em outubro, o principal destaque foram os veículos automotores. As montadoras Argentinas, principais fornecedoras do produto no estado, seguem com grandes dificuldades para comprar insumos, devido à escassez de divisas no país. A restrição na oferta, em especial de modelos utilitários, se refletiu em um recuo de 84,3% nas importações de veículos argentinos em Santa Catarina, em relação a outubro de 2022.
Por outro lado, houve aumento das importações de insumos para a agricultura e para as indústrias de material plástico, ambos setores que se destacam pelo aumento dos níveis de produção em 2023. No primeiro caso, as maiores altas foram nos embarques de fertilizantes nitrogenados e potássicos e de pesticidas. Já as indústrias de material plástico ampliaram as importações de diversos polímeros, em especial de etileno, propileno, cloreto de vinilo e estireno.
Além disso, a manutenção do ritmo do consumo das famílias no estado segue estimulando as importações de bens de consumo. Em outubro, destaque para o aumento das compras internacionais de eletrodomésticos, videogames, smartphones e bebidas alcóolicas.
Confira abaixo o Boletim na íntegra: