Em julho, Santa Catarina vendeu um total de US$ 1,0 bilhão de produtos para o restante do mundo, o que representou queda de 10,5% em relação a julho de 2022. A média nacional também registrou queda no montante exportado, mas em menor magnitude, -3,1%.
O resultado negativo no estado está associado à diminuição no montante comercializado dos principais produtos da pauta exportadora. Dentre as dez mercadorias mais vendidas internacionalmente, sete registraram recuo na análise interanual.
Os produtos com as maiores quedas continuam sendo do setor de madeira e móveis, devido à redução no fornecimento para os EUA, seu principal parceiro comercial no período. Outro produto penalizado foram os motores elétricos, pelo qual suas vendas foram reduzidas tanto para os EUA, como também para países da Europa.
O 2º segundo semestre do ano iniciou com queda na demanda de empréstimos empresariais e imobiliários tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Na União Europeia, os valores atingiram baixa recorde, não observada desde 2003. O enfraquecimento da procura por crédito se deve à política ativa de elevação das taxas de juros nessas regiões, onde seus efeitos defasados estão se mostrando cada vez mais presentes na economia.
Esses fatores levaram a uma diminuição na demanda dessas regiões, que representam praticamente 30,0% das vendas internacionais do estado.
Uma exceção disso foram as exportações catarinenses de insumos da indústria automotiva para a Europa, que segue em expansão devido aos incentivos governamentais da União Europeia para a produção de veículos elétricos. Também houve incremento no comércio com a América Central e Caribe.
Com o arrefecimento no crescimento econômico em diversos países desenvolvidos, Santa Catarina vem ampliando suas vendas para economias em desenvolvimento.
Na análise interanual de julho, por exemplo, o estado passou de US$ 3 milhões para US$ 12 milhões o montante exportado para a Índia, com destaque para o aumento das vendas de sucata de ferro e óleo de soja.
Houve também o aumento das vendas de produtos de alta intensidade tecnológica para países da América Latina, como foi o caso de painéis de comando elétrico para a Argentina, transformadores elétricos para Bolívia e Chile e máquinas e aparelhos mecânicos para o Paraguai.
Outro destaque foram as vendas de carne suína, oriundas ainda do aumento no número de abate de suínos nos frigoríficos catarinenses. O estado ampliou as vendas principalmente para Filipinas, Chile, Coreia do Sul e Vietnã.
Entre os principais parceiros comerciais de Santa Catarina no mês, os EUA assumiram a liderança. Apesar da queda de 13,6% no montante exportado na análise interanual, o estado ampliou as vendas de bens de consumo não duráveis, como os sucos de frutas e recipientes de papel. Em julho o país norte americano representou 17,1% do destino das vendas catarinenses.
Do ponto de vista das importações, Santa Catarina comprou em julho US$ 2,2 bilhões em mercadorias. Na comparação com o mesmo mês em 2022, houve queda de 11,2% no montante importado. O mesmo movimento foi observado na média nacional, que apresentou retração de 18,2% na mesma base de comparação.
O desempenho na análise interanual pode ser explicado por dois fatores principais. O primeiro, foi a redução no preço internacional de várias commodities, fazendo com que o crescimento da quantidade importada fosse maior do que o montante em diversos produtos.
Dentre eles, destaque para o cobre refinado, cujo valor de cotação internacional está 20,7% menor em relação a meados de março. Além disso, Santa Catarina vem retomando as compras de cobre do Chile, maior produtor mundial, que antes estava passando por dificuldades na produção do setor.
Já a redução no preço internacional do aço incentivou as importações catarinenses de revestimentos de ferro laminados, oriundos da China e da Coreia do Sul.
Outro produto em destaque são os pneus de borracha. Apesar do governo federal reestabelecer, em março, a tarifa de importação desse produto, que até então estava zerada, a sua quantidade importada quase triplicou na análise interanual de julho, em especial vindos da China, Vietnã Malásia e Índia.
O segundo fator que ajuda a explicar o resultado negativo das importações do estado, na análise interanual, é o arrefecimento da produção industrial, sobretudo em atividades com queda nas vendas internacionais, associadas particularmente à política de restrição monetária na Europa e nos EUA.
Houve queda, por exemplo, nas importações de semicondutores e circuitos integrados, utilizados na fabricação de motores elétricos.
Já na indústria de têxtil e confecção, que ainda passa por uma pressão nos custos de produção, houve redução das compras de fios de filamentos sintéticos, compensada em parte pelo aumento das compras de tecidos prontos de filamentos sintéticos.
No setor automotivo do estado, foi presenciado um aumento nas compras de insumos para o setor em julho, ao mesmo tempo em que houve redução nas importações de veículos, sobretudo da Argentina e Alemanha. Esse movimento está associado, em parte, pelos incentivos governamentais federais para a produção doméstica de carros populares.
A manutenção do consumo das famílias a patamares elevados segue incentivando as importações de bens de consumo duráveis, principalmente de fogões e fornos, refrigeradores e luminárias, vindas da China.
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