No terceiro trimestre de 2023, Santa Catarina exportou US$ 3,0 bilhões em mercadorias, o que representou queda de 10,1% na análise interanual. Mesmo com o recuo, o montante exportado é o segundo maior para o trimestre na série histórica, atrás apenas do mesmo período do ano passado. 

Apesar da base de comparação elevada, a queda no trimestre está associada à desaceleração econômica dos principais parceiros comerciais do estado, particularmente EUA, China, União Europeia e Argentina.

Por parte da economia estadunidense, houve recuo nos cinco produtos mais exportados por Santa Catarina, dentre eles os produtos de madeira, móveis, partes de motor e motores elétricos. Desde o ano passado, o banco central dos EUA iniciou sua política de elevação da taxa de juros em prol do controle da inflação. Isso acabou afetando o crédito na economia, prejudicando particularmente o setor da construção, importante comprador de produtos catarinenses.

Já a desaceleração da economia chinesa se deve, sobretudo, à crise imobiliária vivenciada no país, bem como à restrição no consumo das famílias e à desaceleração da produção industrial. Com isso, houve queda das exportações catarinenses de produtos de madeira para a construção e de produtos alimentícios, como a carne suína e miudezas comestíveis.

Entretanto, dado os novos estímulos governamentais na economia chinesa, em setembro houve crescimento de 2,4% das exportações catarinenses para o país, em relação ao mesmo período em 2022. 

Os países da União Europeia também têm afetado negativamente os fluxos do comércio internacional. O processo de desinflação na região segue mais lento, o que se reflete em pressões de custos e atividade econômica arrefecida. Com exceção dos Países Baixos, houve queda das exportações de Santa Catarina para seus dez principais parceiros comerciais do grupo, na análise interanual.

Já o recuo das exportações para a Argentina se deve, em especial, às vendas de papel kraft. O resultado foi incentivado pela adoção de um novo sistema de importação do governo argentino, que impôs restrições às importações de alguns produtos brasileiros, por exemplo. Essa diminuição foi parcialmente compensada pelo aumento das vendas de outros insumos industriais, como fios de cobre, revestimentos de ferro laminado plano e painéis para comando elétrico.

Por outro lado, o estado ampliou as exportações para alguns países da América Latina. Incentivado pela abertura desses mercados para produtos agropecuários brasileiros, Santa Catarina passou a exportar carne suína e aumentou as vendas de carnes de aves para o México. Destaque também para as vendas de produtos mais sofisticados, como as partes de motor e gelatina e derivados.

Outros países latino-americanos que ganharam espaço na pauta exportadora catarinenses foram o Paraguai, impulsionado pelas vendas de soja e cerveja, e a Bolívia, com aumento das exportações de transformadores elétricos e de máquinas e aparelhos mecânicos. 

Além disso, Santa Catarina ampliou as vendas para países do BRICS, como África do Sul e Índia, com destaque para as exportações de tabaco não-manufaturado e de sucata de ferro, respectivamente. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes, dois dos cinco países membros aprovados a entrar no BRICs a partir de 2024, também têm ampliado sua importância no comércio externo do estado.

Importações
Pela ótica das importações, Santa Catarina registrou montante de US$ 7,3 bilhões no terceiro trimestre, o que representou uma queda de 7,7% em relação ao mesmo período em 2022. No entanto, as compras externas do estado se mantiveram acima de US$ 7,0 bilhões, valor conquistados a partir de 2022.

Santa Catarina registrou aumento no montante importado em quatro dos seus cinco principais produtos. Dentre eles, destaque para insumos da indústria automotiva. Apesar do fim da política governamental de fomento à produção nacional, o estado segue ampliando as importações de veículos, pneus de borracha e partes e acessórios para veículos.

A exceção entre os principais produtos foi o cobre refinado do Chile, maior produtor mundial, devido ao fato de uma suas principais empresas estar com dificuldades para expandir sua capacidade produtiva.

Cabe também o destaque para a importação de bens de consumo duráveis, incentivado pela manutenção do consumo das famílias no estado em 2023. No terceiro trimestre, houve aumento das importações de eletrodomésticos de cozinha, refrigeradores, máquinas de lavar roupa e videogames, oriundas, principalmente, da China.

Além disso, as obras de infraestrutura no estado, em especial para rodovias e distribuição de energia elétrica, vêm incentivando as importações de insumos do setor de metalurgia e metalmecânica. Particularmente em setembro, houve expansão das compras internacionais de produtos como laminados planos de ferro, aços laminados planos e ferro laminado a frio.

Em setembro, também houve o crescimento das importações catarinenses de fertilizantes potássicos, o maior montante da série histórica para o mês. O estado vem se beneficiando dos preços historicamente mais baixos do produto, diante da época de plantio de grãos importantes em Santa Catarina, como a soja e o arroz.

Dentre os principais fornecedores internacionais do estado, destaque para o crescimento das compras oriundas da Itália,  Alemanha e França, sobretudo do setor de fármacos, como os produtos imunológicos, medicamentos embalados e perfumes.

Houve também expansão no fornecimento de pneus de borracha produzidos na Índia e no Vietnã e de partes e acessórios para veículos da Coreia do Sul. Ademais, houve a retomada do fornecimento do Peru de barras de ferro e aço para o estado, que totalizou montante importado de US$ 23,0 milhões no trimestre.
 

Confira abaixo o Boletim na íntegra: