Balança comercial de fevereiro de 2022
No segundo mês de 2022, a balança comercial catarinense registrou déficit de US$ 1,3 bilhão. O déficit é característica historicamente presente na economia catarinense, devido ao maior recebimento de insumos industriais nos portos do estado. Já o Brasil registrou superávit de US$ 4,0 bilhões, melhor saldo na balança comercial do país para um mês de fevereiro dos últimos 5 anos.
Exportações
No mês de fevereiro, Santa Catarina registrou montante exportado de US$ 808,0 milhões, o que representou um recuo de 10,7% em relação a janeiro, na série livre de efeitos sazonais. No entanto, em relação ao mês de fevereiro de 2021, as exportações do estado cresceram 27,5%.
Cabe o destaque para a expansão nas vendas em setores altamente intensivos em tecnologia - como os produtos de pigmentos, motores elétricos, partes e acessórios para veículos e o tall oil – que vem registrando desde meados de 2020 um aumento significativo no volume exportado. Derivado da polpação química de madeiras de pinho, o tall oil é muito usado em diversas aplicações industriais, como por exemplo em tintas, solventes e linóleo.
A classificação dos setores por intensidade tecnológica segue a nomenclatura da OCDE e é medida pelos níveis de gastos em Pesquisas e Desenvolvimento (P&D) em cada ramo industrial.
Os maiores montantes exportados pelo estado continuam sendo Carne de aves e suína, que detêm juntos 24,6% do total exportado de Santa Catarina. Em seguida vem os Motores elétricos (5,8%), que registrou expansão de 108,6% em relação a fevereiro de 2021.
Vale ressaltar a queda nas exportações de Carne suína, observados tanto pelo recuo no preço da tonelada, bem como pela redução das compras da China, principal destino do produto. Entretanto, a autorização do Canadá para a importação de carne suína catarinense poderá gerar demanda adicional para esse produto nos próximos meses.
Os principais destinos das exportações catarinenses em fevereiro seguem sendo os Estados Unidos e a China, que juntos concentram 29,1% das vendas externas do estado. Outro destaque do mês de fevereiro é o México, sendo o quarto principal destino do estado, ultrapassando o Chile e o Japão, com US$ 43,1 milhões negociados e participação de 5,3%, no mês de fevereiro.
Importações
As importações catarinenses no mês de fevereiro registraram valor de US$ 2,1 bilhões, o que representou recuo de 1,1% em relação ao mês de janeiro, na série sem efeitos sazonais. Porém, na análise interanual, o estado registrou crescimento de 12,2% no montante exportado em relação a fevereiro de 2021.
Com a escalada das tensões políticas entre Rússia e Ucrânia ao longo do mês de fevereiro (resultando na invasão no final do mês), a pauta principal de importação em Santa Catarina, composta sobretudo por insumos industriais, observou uma elevação na importação de fertilizantes nitrogenados (7,1%), um aumento de 403,1% em relação a fevereiro de 2021. A perspectiva de sanções sobre a Rússia e as dificuldades logísticas para escoamento do produto contribuíram para uma aceleração de preços e aumento da procura pelo produto tendo em vista a possibilidade de escassez.
A Rússia é um dos principais produtores de fertilizantes do mundo, e o Brasil, dependente de importações, tem enfrentado dificuldades desde o ano passado na compra do produto, por conta da crise energética na Europa e na China, além das sanções econômicas já impostas em Belarus, outro grande produtor de fertilizantes.
A escassez de fertilizantes vem causando também o fortalecimento das relações comerciais com os principais fornecedores do estado – que conta com Omã como principal fornecedor de fertilizantes para Santa Catarina (37,9% em 2021). A Rússia foi o terceiro maior fornecedor de fertilizantes de Santa Catarina (11,8% em 2021).
Cabe o destaque também para o aumento no montante importado de alumínio em forma bruta, que também vem registrando elevação de preços. O confronto da Rússia com a Ucrânia acaba por impactar de forma generalizada a alta dos preços das principais commodities, refletindo diretamente no nível dos custos dos insumos industriais no país e inflação.
Isso porque a Rússia é grande produtor e exportador mundial de diversas commodities, como os produtos e derivados de petróleo, gás natural, trigo, fertilizantes e alumínio. Com uma participação significativa na economia primária, o país conta com a maior reserva de gás natural do mundo e é o segundo maior produtor global de petróleo.
Por fim, nota-se a redução do volume importado do polímero de etileno, importante produto para a indústria de transformação de Santa Catarina. Derivado do petróleo, o polímero também vem sofrendo impactos no preço dado o cenário de disputa geopolítica entre Rússia e Ucrânia.
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