Santa Catarina encerra primeiro trimestre com recorde de exportações e importações
O mês de março apresentou déficit na balança comercial catarinense de US$ 1,4 bilhão. Historicamente presente na economia catarinense, o déficit na balança comercial é resultado do maior recebimento de insumos industriais, utilizados na transformação. Entretanto, com o resultado do mês de março, Santa Catarina encerrou o primeiro trimestre com recorde de valores movimentados na série histórica iniciada em 1997. Já o Brasil registrou superávit de US$ 7,3 bilhões, também o melhor saldo na balança comercial do país para um mês de março desde o início da série histórica em 1997.
Exportações
O montante exportado no mês de março em Santa Catarina registrou US$ 927,6 milhões, o que representou um recuo de 2,7% em relação a fevereiro, na série livre de efeitos sazonais. Entretanto, no primeiro trimestre do ano as exportações do estado cresceram 33,8%, na comparação com o primeiro trimestre de 2021.
Os maiores montantes exportados pelo estado em março continuaram sendo Carnes de aves e suína, que juntos representaram 27,7% do total exportado de Santa Catarina. No primeiro trimestre do ano os dois produtos já somam US$ 676,8 milhões em exportações, uma elevação de 11,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
No que se refere a Carne suína, a abertura do mercado do Canadá para a importação de carnes brasileiras deve impulsionar novos negócios no estado catarinense nos próximos meses, compensando parcialmente a queda nas exportações para a China, que vem incrementando sua oferta interna após surtos de peste suína dizimarem parte do seu rebanho.
Na sequência, Motores elétricos com 5,8% de participação nas exportações de janeiro a março acumula alta de 114,2% em relação ao primeiro trimestre de 2021, resultado, em parte, de uma base menor. Entretanto, a demanda dos Estados Unidos e da Alemanha vem sendo um grande propulsor para o setor. Somados, os dois países responderam por quase um terço da demanda do produto catarinense no primeiro trimestre do ano.
Outros destaques ficam para a Argentina e para o México que no ano já acumulam elevação de 59,9% e 61,1%, respectivamente, como destino dos embarques dos produtos catarinenses.
Os embarques de Carnes de aves para México e Argentina no primeiro trimestre do ano somaram US$ 23,8 milhões, muito em virtude de elevações no preço internacional do produto bem como dos diversos focos de influenza aviária pelo mundo, o que vem favorecendo o desempenho das exportações brasileiras e catarinenses.
Importações
As importações de Santa Catarina no mês de março registraram valor de US$ 2,3 bilhões, um recuo de 2,9% em relação ao mês de fevereiro, na série sem os efeitos sazonais. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, foi registrado crescimento de 4,3% nas importações. No primeiro trimestre do ano, Santa Catarina aparece como o terceiro estado com maior montante importado do país, com 11,1% de participação, atrás somente de São Paulo (29,2%) e Rio de Janeiro (11,1%).
A pauta de importações de Santa Catarina se apresenta com caráter bastante pulverizado entre diversos insumos utilizados na indústria de transformação. Exemplo disso é o fato de que o Cobre refinado, principal produto importado no estado no ano, representa 4,5% do total.
Com a maior parte do produto oriunda do Chile (80%), o produto abastece setores como a Metalmecânica e Metalurgia, que vem observando forte expansão na sua produção física industrial nos últimos meses e Equipamentos Elétricos, com grande crescimento nos embarques ao exterior.
Já os Semicondutores, que possuem relevante importância de uso em diversas cadeias produtivas, experimentaram grande escassez durante a pandemia, em virtude da paralisação de diversas fábricas ao redor do mundo. Isto desencadeou impactos diversos na indústria, sobretudo em cadeias como TIC, Automotivo, Equipamentos Elétricos, entre outros, mas que aos poucos vem se normalizando.
No que tange os principais fornecedores de produtos ao estado de Santa Catarina, se mantém a predominância dos produtos oriundos da China, com montante total fornecido de US$ 2,9 bilhões nos primeiros 3 meses do ano – participação de 42,9% no total importado por Santa Catarina, seguido por Chile e Argentina com 6,7% e 5,6% de participação, respectivamente.
Importante ainda destacar a elevada participação de Fertilizantes nitrogenados na pauta importadora de Santa Catarina, com 391,3 mil toneladas e US$ 229,4 milhões negociados no ano. Apesar da queda de 44,4% no volume importado em março de 2022 ante março de 2021, houve crescimento de 85,7% no montante em dólares no mesmo período. Isto se deve ao movimento de aumento no preço internacional da commodity, observado já desde o final do ano passado, influenciado pela escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia – onde a Rússia é player relevante na produção e comercialização do insumo. Entre fevereiro/21 e fevereiro/22 o preço do Fertilizando nitrogenado variou 127,0%.
Em síntese, o que observamos no primeiro trimestre foi a manutenção de elevados níveis de importação de insumos industriais em Santa Catarina, que deve ser sustentado pela atividade da indústria manufatureira do estado.
Confira na íntegra o boletim anexo abaixo.