Apesar de oferecer uma remuneração duas vezes e meia superior à média das demais ocupações em Santa Catarina, as profissões STEM ainda se apresentam como uma área predominantemente masculina. Apenas 24,7% dos profissionais empregados no setor são mulheres, conforme estudo realizado pelo Observatório FIESC com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Outra diferença encontrada entre sexos se reflete na remuneração. Enquanto as mulheres recebem em média R$ 5.199,36, o salário dos homens é de R$ 6.668,36. O segmento STEM engloba as formações em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
O resultado reflete a baixa adesão de mulheres às carreiras do setor. Embora elas sejam a maioria (60,3%) dos alunos que concluem o Ensino Superior em Santa Catarina, nos cursos ligados à área STEM a presença feminina é inferior à masculina. Conforme o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2019, as mulheres representam apenas 32,6% dos alunos que concluíram os cursos no estado.
Participação feminina cresceu 15%
A boa notícia é que a participação das mulheres em profissões STEM vem crescendo. De 2018 para 2019, conforme dados da RAIS em Santa Catarina, a presença feminina no setor expandiu 15%, enquanto o número total de empregados no segmento avançou 9,2%.
O crescimento de serviços e negócios digitais tem intensificado a demanda por profissionais dessa área que já estava aquecida, o que colabora com a chegada de novos trabalhadores ao setor.
A Organização das Nações Unidas (ONU), em 2020, chamou a atenção do mundo para questões que afastam as mulheres da área STEM:
-
Preconceitos e estereótipos de gênero. A ONU destaca a baixa presença de exemplos femininos de liderança nas ciências e nos negócios na produção audiovisual – apenas 12% dos papeis identificados como profissões STEM nas telas são representados por mulheres. Há ainda o fato de que, desde cedo, meninos são mais estimulados a brinquedos como jogos de lógica, videogames e computadores.
-
Consequentemente na idade escolar recai sobre as meninas a máxima de que “meninos são melhores em raciocínio lógico e em matemática”.
-
Há uma lacuna de gênero na ciência, menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres.
-
Poucos estudantes do sexo feminino selecionam áreas de conhecimento relacionadas a STEM no Ensino Superior.
-
Apenas 3% dos alunos que ingressam nos cursos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) no mundo são mulheres. Sendo que 5% optam por cursos de matemática e estatística e 8% por cursos de engenharia, manufatura e construção.
:: Leia também o primeiro capítulo do estudo: Salário de profissionais da área STEM é duas vezes e meia maior que a média geral em SC