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Tecnologia e escala: desafios para o avanço da produtividade na indústria

Brasil fica na 40ª posição em produtividade dentre os 50 países com maior produção mundial na Indústria de transformação

Publicado em 08/04/2022

Produtividade pode ser definida como a eficiência de uma economia no uso de recursos para produzir bens e serviços. Há diferentes maneiras de medir essa grandeza. Uma das formas mais comuns é a de aferir a relação da produtividade no trabalho, que é de extrema importância para compreender o processo de desenvolvimento econômico de uma nação.

A indústria brasileira enfrenta desafios históricos para avançar neste sentido. Dados compilados pelo Observatório FIESC mostram que o Brasil fica na 40ª posição em produtividade dentre os 50 países com maior produção mundial na Indústria de transformação, apesar de ter, em volume, a oitava maior produção. O ranking considera a razão entre o Valor Adicionado e o número de trabalhadores em 2019. 

O Valor Adicionado é o que cada setor da economia acresce ao valor final de tudo que foi produzido em uma região. Diferentemente do PIB, não considera impostos. O PIB Total é basicamente a soma de todos os VAB’s (Valores Adicionados Brutos) setoriais e dos impostos.

De acordo com o professor da UFSC e assessor de Economia da FIESC, Pablo Bittencourt, os sistemas que detêm um maior nível de intensidade tecnológica guardam maiores possibilidades de geração de economias de escala e escopo.

Países com alta sofisticação na estrutura produtiva, que exportam bens industriais altamente tecnológicos e serviços avançados, são aqueles que conseguem gerar as economias de escala e escopo e, por isso, resultam em elevada produtividade na indústria de transformação. No caso da Irlanda, por exemplo, o próspero setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), ao integrar serviços tecnológicos de alto valor em seus produtos, como softwares típicos da Indústria 4.0, apoia a sustentação desse elevado nível de produtividade. O país conta com um dinâmico ecossistema de empresas domésticas inovadoras de alta intensidade tecnológica do setor de TIC. Além disso, conta também com centros de pesquisa e desenvolvimento com apoio do financiamento público.

No caso do Brasil, apesar de haver uma indústria robusta, o volume per capita da produção industrial é mais baixo do que em outros países do mundo. "Não devemos condenar o trabalhador brasileiro, que é um bom trabalhador. O país ainda tem uma indústria muito intensiva em mão de obra. Há uma necessidade de transformar essa estrutura produtiva elevando o nível de intensidade tecnológica", avalia Bittencourt.

Destaques na indústria catarinense

Em Santa Catarina, os setores que se revelaram com maior produtividade são justamente dois reconhecidos pelos seus elevados níveis de escala produtiva e intensidade tecnológica, respectivamente Celulose e papel e Equipamentos elétricos, com valor de R$ 174,6 mil e R$ 153,1 mil por trabalhador.

Os setores de Máquinas e equipamentos e Produtos químicos, que têm alto grau de sofisticação tecnológica e inovação, estão também entre os com maior produtividade no estado.

 

A industrialização é elemento fundamental no processo de transformação da estrutura econômica. Isso significa que, para o aumento da produtividade de maneira sustentável em uma economia, é importante que haja incentivos de inovação nos processos produtivos, além da sofisticação na produção.

Pontos-chave para ganho de produtividade no Brasil

Para o economista Pablo Bittencourt, há um conjunto de iniciativas inovadoras que precisam ser levadas em conta para o estímulo à produtividade na indústria brasileira. Ele considera o país como um sistema com organizações e instituições que, se melhor integradas, poderão ampliar a capacidade de inovação brasileira. O professor entende que alguns tópicos são essenciais neste sistema: Investimento e qualificação da educação básica; Políticas de qualificação empresarial; Políticas industriais com foco na reindustrialização do país; Financiamento para investimentos voltados a atividades tecnologicamente agressivas; Ambiente regulatório que garanta previsibilidade ao investimento privado.

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