Em 2023, a produção industrial catarinense apresentou recuo de 1,3%, contra crescimento de 0,2% da média nacional. A queda na produção, no entanto, foi amenizada ao longo do ano, que começou em 4,9% e foi sendo progressivamente reduzida.
A dinâmica da produção industrial observada ao longo de 2023 está associada aos movimentos cíclicos da economia. O ano foi marcado pelo processo de arrefecimento da inflação, e pelo início de queda na Selic. Apesar disso, os juros continuaram em patamares altos, repercutindo em escassez de crédito para os consumidores e na redução de investimentos em bens de capital, além do custo do crédito imobiliário que se manteve em níveis elevados.
Isso explica, em partes, o desempenho de Santa Catarina em relação ao Brasil. O estado possui majoritariamente em sua composição industrial a transformação de matérias-primas em produtos acabados e o fornecimento de bens intermediários para outros setores, enquanto que no Brasil o extrativismo possui um peso maior.
No estado, o que impulsionou a indústria foi o consumo das famílias, que manteve-se aquecido no decorrer do ano. No cenário nacional, além do consumo, a maior exportação de bens primários, como minério de ferro e petróleo garantiram o resultado observado.
Essa dinâmica positiva do consumo das famílias proporcionou bons resultados em algumas atividades, como a indústria de produtos plásticos e de borracha. O aumento das vendas em hipermercados e supermercados, combinado com a redução nos preços dos alimentos, estimulou a demanda por embalagens plásticas, especialmente para atender às necessidades do setor alimentício. Esses fatores contribuíram para que a atividade tenha sido a que mais cresceu no ano, com expansão de 10,1%.
A demanda externa por produtos catarinenses, apesar de ter desacelerado em 2023, foi responsável por impulsionar alguns setores. Esse é o caso dos equipamentos elétricos, que apresentaram expansão de 7,7%, contra retração de 10,1% na média nacional. Os produtos que apresentaram maior crescimento nas exportações foram os transformadores e painéis para comando elétricos. Além disso, o processo de arrefecimento da inflação contribuiu para estimular a recuperação das vendas de eletrodomésticos no mercado interno.
Já a dinâmica de juros elevados acabou por penalizar outros setores, especialmente aqueles ligados à construção civil. A indústria de minerais não-metálicos, por exemplo, que compreende principalmente a fabricação de materiais utilizados nas fases iniciais e intermediárias da construção civil, como cimento, concreto e produtos cerâmicos, registrou queda de 7,7%. Esse movimento também é observado na metalurgia, importante fornecedora de insumos para o restante do país, com uma retração de 5,9%.
Além dos juros domésticos, os altos juros nas economias avançadas, principalmente Estados Unidos, afetaram a produção do estado. Destaque para as exportações do setor de madeira e móveis, que recuaram 23,4%.