O Banco Central do Brasil divulgou na última terça-feira, dia 23 de março de 2021, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada nos dias 16 e 17 de março. O Copom é o órgão do Banco Central do Brasil que define a taxa básica de juros da economia por meio da análise das expectativas de inflação, do balanço de riscos e da atividade econômica.
Para o Banco Central, a atividade econômica brasileira continuou indicando recuperação consistente da economia, apesar da redução dos programas de recomposição da renda. Entretanto, ressalta que os dados recentes ainda não contemplam os efeitos do aumento de número de casos de Covid-19, trazendo incerteza quanto ao ritmo da atividade econômica no primeiro e segundo trimestres deste ano. À medida que o processo de vacinação em massa for realizado, pode ser que seja observado no segundo semestre de 2021 uma retomada robusta da atividade econômica.
Os estímulos fiscais realizados em alguns países desenvolvidos, devem promover uma recuperação mais robusta à atividade internacional ao longo do ano. No entanto, o risco inflacionário sobre esses países tem produzido reprecificação nos ativos financeiros, podendo gerar impactos negativos sobre as economias emergentes.
A elevação do nível de preços no Brasil continua sendo ocasionada, em parte, pela elevação de preços das commodities internacionais, que tem contribuído para o aumento, por exemplo, dos preços dos combustíveis nas últimas semanas. No entanto, o Copom mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mesmo se revelando mais forte e persistente do que o esperado.
O cenário básico do Copom para a economia brasileira em 2021, indica projeção de inflação em torno de 5,0% e trajetória de juros crescente até 4,5% ao ano. Para 2022, o Copom projeta uma inflação menor, de 3,5% e uma taxa de juros de 5,5% ao ano. Entre os principais riscos de manutenção desse cenário, o Copom destaca que o agravamento da pandemia pode atrasar o processo de recuperação econômica, implicando em uma trajetória de inflação abaixo do esperado. Além disso, o risco fiscal elevado continua criando assimetria na economia, podendo gerar trajetórias de inflação acima do projetado.
Considerando o cenário básico do Copom, bem como o balanço de riscos e a evolução da atividade econômica, decidiu-se por unanimidade a elevação da taxa de juros em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano. Essa trajetória ascendente da taxa de juros deverá ocorrer, também, nas próximas reuniões, caso não haja mudanças significativas nas projeções de inflação. Destaca-se, ainda, que a trajetória de elevação da taxa de juros é compatível com a convergência da inflação para a meta no biênio 2021-2022.