O Brasil é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa na atmosfera. Essa afirmação poderia ser fake news, mas não é. Nosso país ocupa o sexto lugar, de acordo com o Cait/WRI, que considera emissões líquidas. De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, as mudanças do uso da terra responderam por 48% das emissões globais do Brasil em 2022, sendo que a grande maioria vem do desmatamento da Amazônia. Os números chocam e nos levam a muitas reflexões sobre o futuro do planeta.
Esse é o difícil cenário do meio ambiente, que vem sofrendo os impactos causados pelas emissões de poluentes originados das fontes de energia não renováveis. Diante disso, é cada vez mais importante que os países adotem medidas para o uso das energias renováveis, também conhecidas como energias alternativas.
Pensando na relevância e na atualidade da discussão, na base de dados do MIT constam mais de 11 mil artigos com o grande tema “Energias renováveis”. Selecionando o termo “energia solar”, temos mais de 12 mil achados, seguido por “biomassa”, com quase 4 mil e “energia hídrica” com 1.268 trabalhos.
Essas fontes de energia renováveis vêm de recursos naturais que se renovam continuamente e estão disponíveis para a população. Mas isso não quer dizer que elas não acabam. Um exemplo é a água, que precisa ser utilizada com consciência. Nesse sentido, já faz algum tempo que as energias renováveis estão cada vez mais presentes nas indústrias, que buscam por um processo produtivo com menor impacto ao meio ambiente.
Conheça alguns tipos de energias renováveis em uso nas indústrias:
Energia eólica: ventos de mudança
A energia eólica tem ganhado destaque no Brasil, consolidando-se como a segunda maior fonte na matriz elétrica do país. A conversão da força dos ventos em eletricidade ocorre por meio de turbinas eólicas, cujo movimento das pás gera energia mecânica transformada em elétrica. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o país ultrapassou a marca de 30 GW de capacidade total instalada onshore em 2023, impulsionado principalmente pelos parques eólicos do nordeste.
Confira aqui o case do projeto Boia Bravo. Criado pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, em parceria com a Petrobras e o Institutos SENAI de Inovação em Energias Renováveis (RN), é um primeiro passo na aposta da empresa de passar a produzir energia renovável na costa brasileira.
Energia solar: iluminando o futuro
O sol, fonte inesgotável de energia, apresenta um potencial imenso no Brasil devido à alta incidência solar em grande parte do território. Esse tipo de energia pode ser aproveitada de duas formas principais: por meio da energia solar térmica (aquecimento de fluidos em processos industriais que demandam calor) ou fotovoltaica (conversão direta de luz solar em eletricidade, com painéis fotovoltaicos). Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil ultrapassou a marca histórica de 40 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia solar fotovoltaica.
Biomassa: aproveitamento de resíduos
A biomassa envolve o uso de matéria orgânica para geração de energia. No Brasil, o bagaço da cana-de-açúcar é o principal recurso, reflexo da indústria sucroalcooleira. Em usinas termoelétricas, a queima da biomassa gera calor para produzir vapor, acionando turbinas que geram eletricidade. Um estudo publicado na revista International Journal of Renewable Energy Development destaca que a biomassa pode contribuir significativamente para a matriz energética, quando aliada à inovação e com uma abordagem holística.
Conheça aqui o case do projeto Monitor de Produtividade de Colhedoras de Cana. A solução é um avançado Sistema de Visão Computacional que emprega tecnologia de Inteligência Artificial. Esse sistema proporciona uma estimativa precisa da massa da cana de açúcar colhida e da proporção entre cana e palha.
Energia hídrica: desafios e oportunidades
Embora a energia hidrelétrica represente mais de 60% da matriz elétrica brasileira, ela enfrenta desafios relacionados aos impactos ambientais e à dependência das condições climáticas. Grandes usinas podem causar alagamentos extensos e deslocamento de comunidades, além de impactos na fauna e flora. Para mitigar esses efeitos, existe um movimento em direção às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que possuem menor impacto ambiental.
Conheça aqui o projeto Barragem 4.0. A iniciativa objetiva reduzir os riscos de rompimento de barragem, custos de manutenção, acompanhar a pressão exercida sobre a estrutura e munir os operadores do setor elétrico com informações confiáveis.
Tendências e inovações na indústria
A transição energética na indústria brasileira está alinhada com tendências globais de sustentabilidade e inovação tecnológica. Alguns dos principais indicativos incluem:
● Geração Distribuída: Empresas investindo em suas próprias fontes de energia renovável, reduzindo custos e aumentando a independência energética.
● Mudanças climáticas: Hoje, a agenda de mudanças do clima influencia diretamente no processo de tomada de decisão e na competitividade das indústrias.
● Economia Circular: Aproveitamento máximo dos recursos, reutilizando resíduos na geração de energia, como no caso do caroço de pêssego.
Nesse cenário, observa-se que o Brasil possui um potencial único para liderar a transição energética global, com recursos naturais abundantes, um setor industrial robusto e expertise em tecnologias, como os biocombustíveis. Na atualidade, o caminho para um futuro energético sustentável envolve superar desafios, investir em inovação e fortalecer políticas que incentivem práticas responsáveis.