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Cultura

Muitas culturas,
uma Santa Catarina

A trajetória histórica e cultural de nosso Estado aponta para a presença de diferentes grupos humanos e correntes migratórias que, ao longo deséculos, contribuíram para a sua formação. A história da ocupação desse território é bastante antiga. De acordo com vestígios arqueológicos encontrados em várias partes do Estado, a presença humana no território catarinense remonta há mais de 8.000 anos. Destacam-se, neste cenário, os sambaquis, ao longo de quase todo o litoral, e os sítios de caçadores coletoresno extremo oeste catarinense. Os sambaquis encontrados no Sul do Estado, por exemplo, estão entre os maiores do mundo. ​

O modo como as pessoas organizam a ocupação do território, constroem caminhos, as atividades que desenvolvem, tanto na agricultura quanto na indústria, a arquitetura de suas casas, o sotaque, as festas e a religiosidade marcam a pluralidade cultural de Santa Catarina.

Desde a primeira metade do século XVI, quando os portugueses passaram a mapear e explorar o litoral brasileiro, o território catarinense recebeu os primeiros europeus, especialmente onde havia boas condições para aportar os navios, como na Baía da Babitonga, na Ilha de Santa Catarina e na Lagoa do Imaruí. Contudo, a ocupação efetiva desse território pelos europeus deu-se apenas durante o século XVIII, destacando-se a instalação de pequenas vilas como a de Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis), Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Laguna), Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco (São Francisco do Sul) e Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens (Lages).

Os portugueses, vindos do Arquipélago dos Açores, chegaram a Santa Catarina na primeira metade do século XVIII. Como parte de uma estratégia de defesa do território português no continente americano, os primeiros casais de açorianos foram instalados em 1748 na Ilha de Santa Catarina.

Também foi no século XVIII que o processo de interiorização da presença europeia no território catarinense teve início. Antigos caminhos indígenas foram utilizados na constituição de uma rede complexa de vias terrestres trilhadas por exploradores e comerciantes de origem europeia. O Caminho das Tropas, entre o atual território uruguaio e a região de Minas Gerais, passando pelo Rio Grande do Sul, planalto catarinense, Paraná e São Paulo, conectava pessoas, mercados e grandes extensões de terras a serem exploradas pelos europeus. Esse caminho e seus ramais, por exemplo, contribuíram de forma significativa para a constituição do atual território catarinense.

Durante o século XIX, o Estado possuía um pequeno conjunto de caminhos precários para o interior e alguns portos espalhados pelo litoral. Uma rede de colônias foi estrategicamente implantada nas margens desses caminhos e de rios que percorrem o Estado. Nessas colônias destaca-se a presença de imigrantes europeus, notadamente alemães, italianos, espanhóis e poloneses. Esses interagiram com as populações originárias do Estado (os Guarani, Kaingang e Xokleng), com os africanos escravizados e portugueses que se instalaram, principalmente, na faixa litorânea de Santa Catarina.

Nas primeiras décadas do século XIX, os imigrantes de origem alemã foram os primeiros a desembarcarem em Santa Catarina. Destaca-se desse contexto a criação da Colônia São Pedro de Alcântara, fundada em 1829. Na segunda metade daquele século, outras colônias alemãs foram instaladas no Estado, principalmente no Vale do Rio Itajaí, como por exemplo a de Blumenau, fundada em 1850 e a de Brusque, fundada em 1860. Nos arredores dessas colônias instalaram-se, mais tarde, imigrantes italianos. No sul do Estado, porém, foram criadas colônias italianas e essas não orbitavam em torno de áreas de colonização alemã. No século XX, especialmente no período em torno das duas Guerras Mundiais, o Estado recebeu novas levas de imigrantes. Destacam-se, neste momento, os imigrantes austríacos e japoneses.

Multicultural, Santa Catarina chama a atenção por sua pluralidade e dinamismo, marca que pode ser observada em vários âmbitos, dentre eles, na sua economia. A diversidade cultural humana promoveu grande variedade de formas de explorar a terra e seus recursos. Como consequência, surgiu, em fins do século XIX, uma economia diversificada, baseada em pequenas propriedades agrícolas no interior, a pesca no litoral, pequenas indústrias nas áreas de colonização alemã, bem como “[...] pequenas atividades comerciais e manufatureiras como: mercearias, atafonas, marcenarias, moinhos, fábricas de queijo e salame, fábricas de caixas, sapatos e fundição

A multiplicidade de elementos culturais na composição étnica do Estado reflete-se na sua economia. Dos pequenos empreendimentos às grandes indústrias hoje encontradas em nosso Estado, percebe-se a diversificação econômica e o estabelecimento de uma indústria forte e singular.

Santa Catarina continua a receber novos imigrantes. Com cidades, a maioria de pequeno e médio porte, o Estado atrai brasileiros de outros Estados e estrangeiros que buscam novas oportunidades de trabalho e de vida. Além das belezas naturais, que tornam o Estado um dos mais belos destinos turísticos de todo o mundo, destaca-se em Santa Catarina a diversidade em sua formação humana, fruto da fusão de variadas nacionalidades. Em outras palavras, a beleza desta terra também se revela na riqueza de seu patrimônio cultural, contemplado por ricos elementos materiais e imateriais, presentes no cotidiano de suas cidades e no modo de viver de sua gente.

Fotos Acervo: FIESC e SANTUR